quinta-feira, 31 de maio de 2018

O caos da imprensa brasileira, por Gustavo Conde

Chega a ser engraçado observar os movimentos do governo e da mídia em meio à greve interminável e seus desdobramentos igualmente intermináveis. O Brasil não será mais o mesmo depois dessa greve, nem que queira.
 
O Brasil não será mais o mesmo nem a imprensa será mais a mesma. A imprensa teve o seu momento de auto flagelo e de auto ridicularização. Não fossem as mídias alternativas, o Brasil estaria nadando em desinformação generalizada – como, aliás, sempre nadou.

O débâcle da imprensa começou com a divulgação dos arquivos da CIA sobre Geisel. A informação demoliu a produção historialista do glorioso colunista Elio Gaspari, com seus seis volumes de ‘Fake History’. Locado no jornal Folha de S. Paulo e n’O Globo, Gaspari não conseguiu se explicar nem se safar do mico de ter feito um ‘fichamento’ em seis volumes de péssima qualidade factual e historiográfica. Vai para a lixeira do pensamento, junto com os livros do Fernando Henrique Cardoso.

Anunciava-se ali, com essa revelação sobre os governos golpistas Geisel e Figueiredo, a coleção de maus momentos que a imprensa familiar brasileira iria viver com intensidade dramática. A Ditabranda da Folha ressuscitou como o pressuposto mais fajuto jamais publicado em nenhum jornal avacalhado do mundo, por mais vendido que fosse. Feio.

A Dona Folha, aliás e em tempo, foi esculhambada pela sua competente ombudsman nesse último domingo. Paula Cesarino Costa afirmou que a imprensa foi “atropelada pela greve dos caminhoneiros”, com destaque especial para o veículo que a emprega.

quinta-feira, 24 de maio de 2018

A greve dos caminhoneiros são os vinte centavos do governo Temer


A paralisação dos caminhoneiros entra em seu quarto dia e faz um estrago que não era esperado nem por eles, caminhoneiros. Aliás, o gatilho desta greve não é a classe ou o sindicato: é um movimento patronal - não são caminhões de frete, mas caminhões de transportadoras.

Até aí, tudo bem. Todos já sabemos das cartas marcadas que grassam pelo Brasil pós golpe. Mas o Imponderável de Almeida (primo do Sobrenatural de Almeida, afilhado do Nelson Rodrigues) resolveu aparecer na cena política nacional de novo. E, dessa vez, ele veio com tudo (com Supremo, com tudo).

Essa paralisação meio fake, meio pelega, é a re-edição dos 20 centavos pré Copa das Confederações: um movimento meio besta que foi aproveitado pela imprensa golpista para exterminar a popularidade do governo Dilma, que já vinha baixa.

A senha para aquele movimento meia-boca virar nacional foi o espancamento de manifestantes na Avenida Paulista pela polícia militar de Geraldo Alckmin. A partir dali, a indignação foi tanta que a classe média sempre acovardada resolveu sair da toca e brincar de depredação de grife (lembram dos playboys tatuados apedrejando as vidraças do Congresso Nacional?).

Semelhanças à parte, a greve dos caminhoneiros não esperava tamanho ‘sucesso’, vamos dizer assim. O que importa aqui – o que é o similar histórico ao ‘espancamento da PM da greve dos caminhoneiros’, estopim para catarse popular em torno de uma causa difusa – é justamente o imponderável: a péssima gestão de crise do governo golpista.