O Globo recebe dinheiro direto do mercado de propinas legalizado publicitário brasileiro, o "bônus de volume" do Grupo Globo. Por isso, não morre tão cedo. Mas Folha, Estadão e Veja dependem do rame-rame publicitário regional e dos favores pontuais do governo federal.
Basicamente, quem sustenta Folha, Estadão e Veja é o governo tucano do estado de São Paulo. Se o PSDB perder em São Paulo, esses três veículos não duram um ano (claro: se o vencedor não for o MDB ou um partido de aluguel).
À exceção do PT (e só o PT), o estado de São Paulo é povoado por partidos de aluguel. São todos propriedade do PSDB. Prefeituras do interior de São Paulo? Qua, qua, qua. PV, PSB, DEM, MDB, nanicos "do inferno", tudo é propriedade do PSDB de Geraldo Alckmin. Chega a ser risível quando alguém me diz que "é do PV". Eu digo: "é mesmo? V de Verde?". Nem eles sabem explicar direito o que representam.
E aí, passando os olhos no sempre péssimo jornalismo estampado na home do Estadão, fiquei pensando: quem paga por isso, caramba? Que vergonha! Anunciar aqui? Quem vai comprar um produto anunciado aqui? Só a elite quatrocentona de São Paulo, que é cada vez menor.
Folha, Estadão, Veja. A folha de pagamento desses caras é alta - ainda que paguem mal seus funcionários. É muita estrutura. Seriam muitos impostos também, mas sabe como é que é, né. Com três governos "amigos", Doria, Alckmin e Temer, esses veículos devem estar nadando em engenharia fiscal.
Daí, eu vejo, revejo, leio, releio um texto qualquer daquele jornal. Dá aquele sono pela absoluta lentidão e pela tradicional ausência de consistência factual, temática e narrativa. Há textos bons no Estadão, nas matérias especiais que não são de política, claro. Mas, é até uma pena que esses jornalistas estejam escondidos em um jornal como aquele.
Mas é melhor que eu dê uma consequência prática a essa reflexão de turno aqui. Não vou mais reclamar. Vou é puxar a orelha. A orelha das mídias alternativas. Porque, se se pensar com o devido cuidado, a publicidade não aguenta mais colocar o seu dinheiro nesses nichos obsoletos de propaganda governamental explícita.
Claro que o empresariado brasileiro sofre pressão - além de ser intrinsecamente obtuso - para não colocar o seu dinheirinho nas mídias alternativas digitais. Mas, custa elaborar um plano de ação para tentar abocanhar a receita publicitária dos menos estúpidos?
O futuro é evidente. Está nas mídias "alternativas". O próprio rótulo diz: "alternativa". Vende muito mais, por assim dizer. Os sites progressistas praticamente pautam o tecido jornalistico do país. As redes sociais são tomadas por eles. O segmento político que goza de 80% de preferência do eleitorado de maneira geral está muito mais próximo dessas mídias do que da imprensa tradicional.
A imprensa tradicional tem ainda o ônus de estar associada ao segmento mais rechaçado pelo "e-leitor" brasileiro em geral. São ridicularizados nas ruas, nas redes, nas praças, enfim, se você for um empresário do ramo da moda, pense numa Miram Leitão e pergunte-se se você quer que a imagem de sua marca seja associada a ela.
De modo que eu entendo que o momento seja para uma ação mais agressiva e mais plena de autoestima e autoconfiança. O golpe, ainda que de posse das ações institucionais formais, devastou toda uma estrutura simbólica de confiança empresarial e social. A Rede Globo, hoje, é uma marca amaldiçoada.
É questão de tempo para que sua operação entre em declínio profundo. Os casos de racismo, misoginia, incêndio, ocupações, hostilizações etc, são só um termômetro cronológico desse tempo que não mais irá voltar - o tempo dos favores explícitos junto a governos subservientes.
É preciso entender que este golpe está no fim, por mais que se queira vivenciar a sofrência política do vitimismo romântico. Eles não têm voto nem credibilidade. Podem dar outro golpe, mas isso iria aprofundar ainda mais a desgraça futura deles e de seus instrumentos fantoches de comunicação.
É por isso que acho que as ditas mídias alternativas precisam sair da toca da docilidade publicitária e avançar no terreno da captação agressiva e real de recursos. Há de se ter departamentos de marketing e publicidade. Não se pode mais insistir nas estruturas acanhadas e, pior que isso, no discurso tímido diante de um segmento empresarial ávido por uma plataforma de informação que agregue algum tipo de credibilidade aos seus produtos.
Como diria Geraldo Vandré, quem sabe faz a hora. Talvez, seja exatamente a hora de parar de se queixar do Facebook e afins e partir para cima do mercado real dos anunciantes. A propaganda brasileira sempre foi uma das melhores do mundo, a despeito da troca de favores em que ela cresceu.
Que se dê uma chance a ela neste momento de crise generalizada nos meios de comunicação obsoletos. Esses meios só ganham sobrevida porque a dimensão nova da produção de notícias e informações ainda não se deu conta do poder e da influência que tem em termos de mercado.
Não é preciso ser inimigo do mercado para preservar a credibilidade factual narrativa da desova de informações políticas com qualidade de texto. Talvez seja essa ficha que deva cair nos próximos meses para as mídias alternativas digitais. Não dá mais para segurar (explode Vampirão).
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