quarta-feira, 20 de maio de 2020

Com 'frase infeliz' Lula neutraliza Bolsonaro


"Lula sempre resistiu às distorções de seu discurso com muita elegância e humildade, abrindo assim mais uma frente virtuosa para que o país fosse discutido com qualidade técnica e política"
A interpretação bastarda, deturpada e enviesada que deram ao enunciado de Lula sobre o coronavírus revela outra coisa (além da pobreza cognitiva endêmica do país): ele ainda incomoda.
Em um Brasil que se acostumou a se chocar com as frases de Bolsonaro, parece que só nos restou isso: frases polêmicas.
Nem importa o sentido. Se houver uma 'cifra' mais afeita à sensibilidade bestial, rasa e personalista dos subleitores pretensamente críticos, proceda-se o linchamento.

É o mesmo processo dos cancelamentos (aquele que se usa para espancar Felipe Neto - eu sou chato, vou repetir isso até o apocalipse -, Lima Duarte, Jilmar Tatto e afins).
Lula experimentou isso a vida toda. Suas frases sempre foram destacadas e hiper interpretadas por nosso jornalismo de esgoto.
O detalhe é que 'alguém' fez disso um protocolo: as frases genocidas - e literais - de Bolsonaro atiçam a 'militância dos 30%' e cumprem a função de servir de combustível social para a manutenção do ódio.
É um processo interminável de cancelamento não de pessoas, mas do próprio sentido (da própria razão de ser do debate público e democrático).
Lula sempre resistiu às distorções de seu discurso com muita elegância e humildade, abrindo assim mais uma frente virtuosa para que o país fosse discutido com qualidade técnica e política.
O bolsonarismo deturpou esse procedimento, tornando automática a produção de frases polêmicas, ambíguas e frontalmente antidemocráticas, fazendo desse protocolo a chave para uma hiper exposição que vence pelo cansaço.
Ver a imprensa e setores da direita, do centro e da 'exquerda' condenando Lula pela declaração falsamente polêmica sobre o coronavírus e sua relação com o Estado, fez bater até uma saudade.
Saudade de quando ainda tínhamos a possibilidade de testemunhar uma 'declaração infeliz'.
Hoje, não existe mais isso.
Hoje, todas as declarações são infelizes - e ninguém se importa.

4 comentários:

  1. Lula agradece a natureza por matar milhares de pessoas

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  2. Eu digo que o Lula e a pessoa mais humanista que conheci em minha vida. E altruísta e não merece o que fazem com ele é sua família.

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  3. O desmantelamento do estado brasileiro causaria mais vitimas q qualquer virus, ainda bem q o covid-19 apareceu, e funcinou como alerta em relaçao a esse problema, q é bem mais relevante q qualquer virus. Qual é a dúvida?

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  4. O Presidente Lula foi o responsável pelo período de mais profundo humanismo da história do Brasil. Nunca, em toda a sua história, o Brasil fora tão democrático, convocando à participação inúmeros setores da sociedade. O Aldir Blanc estava certo - "O Brasil não merece o Brasil". Não merece, sobretudo, o Brasil que o Lula nos fez conhecer e amar.

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