Pobre Moro

"Moro pode ir morar tranquilamente na Suíça e viver de palestras de autoajuda fuleira como Leandro Karnal"

Moro ainda vai pedir desculpas a Lula. Anotem.

Ele já deu uma prévia deste gesto cínico, quando elogiou Lula na coletiva de despedida do governo.

Covardes hipócritas ameaçados são capazes de qualquer coisa, até de fustigar seu novo inimigo com afagos ao 'inimigo do inimigo'.

Moro está numa enrascada monumental. Mexeu com bandidos assassinos. Está sendo cancelado nas redes. Seu dossiê anti-Bolsonaro é uma granada que pode explodir nas suas mãos (porque incriminar Bolsonaro é incriminar a si mesmo).

Moro não é mais juiz, não é mais ministro, não é mais herói. Não se sabe ao certo se os americanos lhe darão a tão sonhada guarida. A rigor, americanos deixam seus soldados morrerem na guerra suja das sabotagens internacionais sem o menor problema.

Há também um processo irrefreável de incineração de reputações à espreita. Ver Moro naufragar não é mais sonho de consumo da esquerda ou objetivo principal do gabinete do ódio apenas.

A queda simbólica de Moro virou pauta prévia do nosso necrojornalismo. Basta ver o tom da cobertura do depoimento de Moro à Polícia Federal: há 'sede de destruição'.

É um dos processos narrativos mais velhos da história: edifica-se um ídolo de barro para depois soprá-lo com o spray viral do rancor sádico. No atacado, o ser humano ocidental, basicamente, é isso.

Moro enfrenta sua tempestade perfeita - e depois disso fica difícil não acreditar nas previsões de Lula.

É por isso que Moro deverá mergulhar em um processo cadenciado, mas uniforme, de afagos a Lula. Vai confundir a cabeça de muita gente, inclusive a minha.

Moro é uma espécie de animal de estimação abandonado na estrada pela família que sai em viagem. É um poodle tosado e bem alimentado na fila de adoção.

Para o ex-juiz, só resta a Rede Globo, mas em vista das dificuldades recentes, é bastante possível e previsível que a Globo invista seu tempo e dinheiro em criar outro herói.

A validade deste expirou.

Moro deverá ser adotado por algum bilionário racista brasileiro. Eu sugeriria um Jorge Paulo Lemann. Quem adota Tabata Amaral, adota um Sergio Moro (onde come um, comem dois).

Assim, Moro pode ir morar tranquilamente na Suíça e viver de palestras de autoajuda fuleira como Leandro Karnal.

Como se diz por aí, o mundo dá voltas.

Pena que nós não teremos tempo de degustar a tragédia de Sergio Moro. Ele é coadjuvante demais para ensejar fruições mórbidas.

Vai ser esquecido como FHC.