quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Aliança Lula-Ciro: encontro não é armistício, meu filho!, por Gustavo Conde

Foto: Ricardo Stuckert (2017)

A matéria d’O Globo sobre a suposta ‘trégua’ entre Lula e Ciro, assinada pelo jornalista Sérgio Roxo, é tecnicamente fraca. Só diz coisas que já sabíamos: que o PT ofereceu a vice para Ciro, que Ciro recusou, que Lula gostava de Ciro, que Ciro xingou muito Lula, que Ciro fugiu para Paris em 2018 etc.
A única coisa nova é o encontro entre Lula e Ciro em setembro deste ano no Instituto Lula. A reportagem, no entanto, não sabe o que foi falado ali. Diz apenas que falaram de “mágoas” e de “ataques”. É muito pouco para cravar as sentenças “acertam trégua” e “selam a paz”.
O que quer O Globo?
A matéria - pelo tom, pela imprudência e pela pressa - parece mais desejar uma “aliança” entre Lula e Ciro do que informar um bastidor político digno do nome. Usa palavras fortes como “armistício” e uma bela foto de Lula com Ciro. De 2017.
O fato mesmo é que as agressões de Ciro a Lula e ao PT pararam desde o início de setembro. Esse é o elemento central que deveria ser destacado por uma reportagem que pretenda ter alguma credibilidade.
Ciro, realmente, deixou em suspenso a habitual histeria antipetista - resta saber até quando (o que não faz um período eleitoral, não?).
A bem da verdade, a reportagem d'O Globo se fia muito nas declarações estapafúrdias que o ex-gênio da comunicação política, João Santana, deu no último programa Roda Viva. Santana disse ali que a chapa Lula e Ciro seria imbatível em 2022 - assim como disse que Dilma ganharia no primeiro turno em 2014.
Se Santana não tivesse dito esta pérola, talvez nunca viesse à tona a notícia desse “armistício” entre Lula e Ciro.
Parece mais uma notícia para puxar a audiência no site d’O Globo - em sabendo que as mídias alternativas voariam - e voaram - nela como andorinhas migratórias no cio.
A coisa está feia para todo mundo.

2 comentários:

  1. Gustavo, a gente fica meio sem palavras pra dizer tudo o que a gente pensa de você. Mas uma coisa eu tenho certeza: muita gente, como eu, vibra com tudo, exatamente tudo o que você fala para nós.

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  2. Conde, você é o grito do nosso silêncio e a voz de nossa indignação. Te ler e te ouvir, diariamente, é como se estivéssemos na trincheira armados, não de paus e pedras mas com as ferramentas da linguagem que você nos empresta e nos tira do vale do obscurantismo. Às vezes não nos manifestamos mas silentemente entramos em estado de ebulição para transformar o nosso interno. Sem palavras para cumprimentá-lo.

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