terça-feira, 28 de abril de 2020

Bolsonaro roubou a técnica ilusionista do jornalismo

"Hoje, com os maiores mentirosos da história no comando do país, essa imprensa não consegue cobrir a realidade por duas razões: primeiro, porque desaprendeu. Segundo, porque Bolsonaro não deixa"

Nada como uma crise política para esconder os verdadeiros problemas do país.
Nos tempos do PT, o processo era similar, mas invertido.
Vale um explicação.
Quando tínhamos governo soberano e as coisas boas iam acontecendo no país, o necrojornalismo era o responsável pela produção de crises políticas.
Ele era - e é - dependente de crises políticas para poder existir.
Enquanto o emprego batia recordes, a educação avançava, a economia bombava e a população brasileira sorria - meio que sem saber porque estava sorrindo - os necrojornais se debulhavam em mensalões, petrolões e toda a sorte de delírios produzidos pelos maus perdedores de sempre.
Naquele momento, os jornais se negavam a ver a realidade, por pura falta de imaginação, caráter e domínio técnico de ofício, tudo junto. Eles poderiam, por exemplo, criticar os problemas reais do governo, exigir mais combate à pobreza, mais obras públicas, mais crédito, mais cobertura do sistema de saúde etc.
A pauta da imprensa, sabemos, se acoelhou nas cifras comezinhas do ódio, da inveja e da preguiça.
Eis a ironia.
Hoje, com os maiores mentirosos da história no comando do país, essa imprensa não consegue cobrir a realidade por duas razões: primeiro, porque desaprendeu. Segundo, porque Bolsonaro não deixa.
E o ex-capitão usa as mesmas armas da imprensa de uma década atrás: cria crises políticas para que não se fale do principal.
A imprensa acolhe, porque essa é a língua dela: imprensa e Bolsonaro falam a mesma língua, a língua do delírio, da histeria e da mentira.
Irônico, não?
As saídas de Mandetta, de Moro foram criadas deliberadamente por Bolsonaro por - pasmem - questão de sobrevivência. Bolsonaro sabe como age a imprensa de cativeiro e o acanhado jornalismo progressista (que lhe ajuda muito na disseminação de sua psicologia de torturador).
Tem riscos? Claro que tem. Mas o custo-benefício tem valido a pena.
Não é todo país do mundo que tem um necrojornalismo tão previsível e rebaixado.
Saudades do tempo em que a própria imprensa tinha de criar os delírios diversionistas contra o PT.
O país estava melhor.
Mas, lamentavelmente, a classe política aprendeu com o nosso jornalismo. Agora, quem faz o serviço é o próprio poder político.
É por isso que Bolsonaro briga tanto com a imprensa. É uma briga por posição, não por "relação". É para ver quem mente mais, quem é o detentor dos processos finais de ilusionismo institucional.
Briga boa de ver, mas letal para o país - que assiste a tudo de camarote e de quarentena.
Aliás, 'quarentena'? O que é isso?

Um comentário:

  1. Essa imprensa é nojenta. Ah quando o povo (PT) voltar ao poder, eles vão ver só. Quando a esquerda voltar ao governo, não será mais suportável conviver com uma imprensa como essa...já não era suportável mas deixamos estar...só que não seremos mais os mesmos...eles que se cuidem

    ResponderExcluir