quinta-feira, 7 de maio de 2020

O que fazer? Tudo, menos o que estamos fazendo

Imagem:Reuters/Ueslei Marcelino
"Enquanto eles investem na guerrilha extremista, a gente vai se encostando no discurso da "Constituição" e vai querendo linchar Lima Duarte. Nós estamos PEDINDO para ser esmagados. É muita irresponsabilidade"

Fascistas preparam mais uma manifestação em Brasília para o fim de semana, contra o STF e o Congresso. Falam em "300 caminhões".
Estão fortemente financiados.
O problema agora já não é mais Bolsonaro. Bolsonaro vai passar. O que não vai passar é o sentimento coletivo e organizado - e armado - de ódio.

Eu prossigo avisando: enquanto eles investem na guerrilha extremista, a gente vai se encostando no discurso da "Constituição" e vai querendo linchar Lima Duarte.
Nós estamos PEDINDO para ser esmagados.
É muita irresponsabilidade.

Os progressistas com síndrome de tutela perguntam: mas então, o que fazer?
Vou dar uma resposta bem direta: TUDO, menos o que estamos fazendo.
A gente ainda vai morrer de bom comportamento (estamos morrendo doce e disciplinadamente).
Querem o português correto? O que temos nesse momento é medo. Medo do vírus, medo da morte, medo de perder o famigerado e insuportável 'lado certo da história' que não serve mais para nada, a não ser experimentar a ilusão de uma morte "certa" - é como o pedestre que só atravessa a rua na faixa e pensa: se alguém me atropelar e me matar, pelo menos eu morro "certo".
Eu alerto e peço que se ative a memória: Revolução Francesa, Revolução Russa, Revolução Chinesa, Revolução Cubana.
Vozes supostamente progressistas respondem: "era outro momento histórico".
Era outro momento histórico? Tem certeza?
Eu rio, porque ainda tenho espírito sádico. O grau de ingenuidade e de inocência desse simulacro de esquerda bem comportada que contamina o país talvez seja mais aterrorizante que a direita fascista.
Há também um processo devastador que já comprometeu a interpretação de texto desse simulacro de "esquerda disciplinada": eles se mostram incapazes de ousar leituras impetuosas, de codificar metáforas, de reinstalar o componente ético em seus discursos.
Ética para eles é respeitar a Constituição e só. Vidas humanas? "Eu faço a quarentena e cumpro com a minha parte".
Reclamam que não há liderança, mas se negam a liderar - e se mostram fracos para serem liderados.
Esse segmento é tudo, menos esquerda. Que se re-estabeleça a semântica de esquerda - estruturalmente impetuosa - e cada um destes que se nega a 'cogitar' um gesto revolucionário, correrá para a sua casinha de proteção conservadora.
Enquanto isso, vamos continuar atravessando a história na faixa de pedestre.

2 comentários:

  1. Caro Conde, me pergunto sobre o que a esquerda quer. Será que estão todos em estado de choque que não conseguem esboçar uma reação ou estão capitalizando a situação pensando nas próximas eleições? O momento é agora ou foi ontem. Não há mais tempo, a situação só piora. Preciso falar com você, tenho uma experiência pessoal da qual você fez parte e gostaria de compartilhar. Você poderia me dar um endereço de e-mail, se não se importar?

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  2. P.S. Acabei de ver a live com o Pilha e o Fabiano Leitão e concordo com eles.

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