domingo, 17 de janeiro de 2021

É hora, por Fernando Horta

Foto: Ana Lourenço

Bolsonaro deve cair. Mais ainda, Bolsonaro precisa cair. A diferença entre um processo de impeachment há 3 meses atrás e um agora é colossal. Agora, Bolsonaro pode cair. E as razões para isto são várias. 

 

Bolsonaro não tem mais força para fazer as reformas que o capital quer. Gastou capital político numa velocidade maior do que poderia ganhar. O fascismo é um sistema de curta duração. Ele se consome em sua própria ignorância. Cada piada homofóbica, cada mentira em "live", cada mentira em rede nacional somou-se aos inúmeros indícios de crime de corrupção e à incompetência fascisto-militar em todas as áreas. 

 

O capital abandonou Bolsonaro enfraquecido. Sem utilidade, a elite sabe que é melhor livrar-se do entulho autoritário.

 

Os crimes de Manaus foram a gota d'água na classe média urbana. As cenas horrendas de mortos asfixiados pela negligência completa do governo federal foi o soco de empiria que faltava para uma boa parte sair do transe. Bolsonaro hoje não vale uma bicada de Ema, e com Trump ensinando o caminho da presidência à prisão, o restante do capital simbólico de Bolsonaro se foi.

 

O exército, que vinha rachando desde a demissão de Santos Cruz, percebeu que sai desta aventura completamente no chão. As suas "estrelas" (Mourão, Heleno e Pazuello) mostram ao Brasil que até mesmo para pintar meio fio, o custo para manter esta tropa de incompetentes é muito alto. 

 

Salvo os golpistas de sempre, o exército brasileiro não moverá uma palha por Bolsonaro. A última gota de brio na cara de qualquer oficial caiu com as transferências às pressas de bebês para que não morressem sem ar nos hospitais de Manaus.

 

Não é exagero dizer que se o país tivesse sido atacado militarmente, os danos seriam menores. São 205 mil brasileiros mortos, uma grande parte encharcados de cloroquina e ivermectina que Bolsonaro produziu, induzindo o Exército a cometer crime de responsabilidade. 

 

Os ofícios do ministério da saúde, CONFISCANDO seringas de empresas privadas e vacinas dos estados colocaram empresários e governadores em desespero ao perceberem que o autoritarismo parece ser superado apenas pela ignorância deste governo. 

 

Hoje, Bolsonaro só é defendido por alucinados como Bia Kicis e Carla Zambelli. 

 

Nem mesmo os blogueiros, arregimentados pelo gabinete do ódio, estão ao seu lado.

 

Foram deixados na estrada, como Bolsonaro ameaça fazer com Pazuello, colocando-lhe todas as culpas de um governo de apedeutas e perversos. Não há mais como esconder que as atitudes de Bolsonaro levaram o Brasil a ter 10% das mortes mundiais da pandemia, e com Guedes calado e suas promessas desfeitas Bolsonaro é um morto-vivo esperando que lhe empurrem para a cova.

 

A briga agora é saber quem será o "herói" que matará o monstro. As elites apressam-se a aproveitar que Lula não está no país e a última imagem do PT é abraçado em acordos nada bons com Rodrigo Maia. 

 

O PSOL se apressa a buscar os flashes, vendo a derrapada petista e a proverbial verborragia sem efetividade de Ciro Gomes. 

 

Luciano Huck e Doria disputam com Maia que dará a última estocada no monstro moribundo - e o mais importante para eles: quem tirará a foto já de olho em 2022.

 

Bolsonaro não durará muito. A dúvida é quem dará o último golpe. Talvez Mourão no intuito de salvar alguma oliva do uniforme verde-vômito que o exército passou a usar quando se ombreou com o fascista. 

 

Talvez a Globo e o garoto-propaganda dos institutos neoliberais tabatianos. Talvez Doria, buscando a ressurreição do PSDB.

 

A verdade é que quem empurrar Bolsonaro ladeira abaixo unirá o país e deve ser o próximo presidente. 

 

Com a esquerda desbaratada, o neoliberalismo sente a oportunidade de matar dois coelhos com uma cajadada só. Neste momento, Maia articula-se para ser o cajado e o PT trabalha ardentemente para ocupar a posição de coelho. 

 

Quanto a Bolsonaro, seria melhor que seguisse o exemplo de Adolf Hitler e não o de Donald Trump. 

 

Para o Brasil seria melhor que Bolsonaro saísse da vida para entrar na (lata de lixo da) história. E ele tem armas de sobra para fazer o serviço. 

 

2021 nos fará sentir saudades da Peste Negra no século XIV.


Um comentário:

  1. Esse artigo do Fernando Horta,está clamando por mudança no governo esta´prevendo que algo precisa acontecer. Só vem de encontro com a sua opinião, Conde, na live impeachment ou morte.Passou da hora da direita sair do seu interesse mesquinho e individualista e se unir a esquerda,no Congresso para votar a favor do impeachment.Ele não quer a vacina ,porque?Porque sabe que nós vamos sair às ruas pedindo o impeachment,ninguém que ama a sua vida e o Brasil de verdade,não aguenta mais esse governo incompetente,com projeto de destuição.Até quando vamos seguir nessa apatia,sem uma liderança,que nos faça irmos para às ruas?Enquanto não fazemos isso,vamos cobrar enviando e-mail,seguindo a proposta do Fernado Haddad,cobrando os deputados a se posicionarem sobre o impeachmnent.

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