Pensando globalmente, nunca na história tantas pessoas foram vacinadas em tão pouco tempo. Mais de 600 milhões de doses já foram aplicadas, de modo que quase 8% da população mundial recebeu pelo menos uma dose da vacina.
Todavia, se olharmos cada país os resultados são frustrantes, decepcionantes mesmo.
O que mais vacinou foi Israel, onde mais da metade já recebeu as duas doses. Na América Latina quem saiu na frente foi o Chile que já imunizou com ambas as doses um quinto de sua população, portanto, mais que os EUA, que apesar do ritmo de dois milhões de vacinados a cada dia, só imunizou 16% de seus habitantes.
Na Europa, segundo o EL PAÍS, a média é muito inferior: menos de 20% da população recebeu uma dose e apenas 6% dos europeus já foram imunizados com as duas, números parecidos com os do Reino Unido que imunizou somente 8%, por ter optado por priorizar a aplicação da primeira dose no maior número possível de pessoas. A segunda dose ficara para a etapa seguinte.
No Brasil, com a experiência e a capilaridade do SUS, se não estivéssemos sendo governados por um bando de jaguaras liderados por um guaramputa, poderíamos estar na liderança mundial na imunização, com mais de 2,5 milhões de vacinas aplicadas a cada dia. Estamos neste fiasco porque esses genocidas deixaram de comprar as vacinas que foram oferecidas ao Brasil. O general especialista em logística, então Ministro da Saúde para orgulho do Exército Brasileiro, não comprou as vacinas que hoje poderiam estar evitando metade dessas 4 mil mortes diárias. Não foi só incompetência, infelizmente.
As mortes que choramos hoje são consequência de nossa história, das “heróicas jornadas de junho de 2013”, da utilização da Lawfare contra adversários ideológicos da Direita Concursada, do golpe de 2016, da cumplicidade do stf (sempre em minúsculas desde que se apequenou), da prisão do líder nas pesquisas e de sua inabilitação eleitoral, da LavaJato, do antipetismo e da irresponsabilidade das abstenções que promoveram a eleição deste governo de imbecis. A culpa é dessa jaguarada toda que não cogita fazer autocrítica, embora gostem de exigi-la das vítimas de suas opções.
Essa pandemia veio para ficar. O lento ritmo nas imunizações facilita o surgimento de variantes e de novas cepas do coronavírus. Até o final de abril menos de 10% da população mundial terá recebido a primeira dose e menos de 5% dos humanos terão sido imunizados, a grande maioria destes no hemisfério norte.
Chama a atenção a quantidade de vacinados na Hungria, presidida por um fascista assumido. Em seu país Viktor Orban, que articula com o italiano Salvini e com o polonês Morawiecki uma aliança de ultradireita no Parlamento Europeu, já aplicou a primeira dose em cerca de um terço da população, quase o dobro dos demais países europeus. Orban é fascista mas não é idiota. Sabe que se não imunizar à população não será possível a retomada da atividade econômica, como despudoradamente tem esclarecido. Em nosso subcontinente o Chile está vacinando a um ritmo muito superior aos demais países sul-americanos e já imunizou um quinto de sua população, mesmo sendo presidido pelo direitista Piñera. Um protofascista que não é imbecil.
Quando vislumbramos a sequência de erros dos governos, dos organismos internacionais e das elites econômicas globais é difícil não pensarmos na possibilidade de estarmos vivenciando os efeitos de um deliberado malthusianismo social globalizado.
No Brasil estamos sendo governados pela confluência de várias vertentes do conservadorismo desumano e desumanizador, que conseguem ser piores que Orban e Piñera. Temos um governo de desequilibrados mentais apoiado por milhões de pessoas que pensam e agem como seus governantes e boicotam a ciência e o distanciamento social que ela recomenda para diminuir o ritmo dos contágios e, consequentemente, das mortes pela Covid. Imbecis.
Wilson Ramos Filho (Xixo), professor na UFPR, preside o Instituto Defesa da Classe Trabalhadora.
Se não nos movermos, seremos jogados às traças, às baratas e afins. Maldito verme!!!
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