sábado, 4 de dezembro de 2021

Projeto Sementes da Proteção, em defesa dos direitos humanos

Organizações da Sociedade Civil criam projeto para proteger defensores dos direitos humanos

Iniciativa visa impactar organizações de 21 estados das 5 regiões brasileiras


O Brasil é o 4º país mais violento para quem atua junto à sociedade civil, segundo relatório anual da Frontline Defender, realizado em 2019. A pesquisa aponta que as pessoas que trabalham em questões sobre terra, meio ambiente, povos indígenas, direitos LGBTQIA+, corrupção e impunidade são as que mais sofrem ameaças. Pensando em propor ações que geram maior capacidade de defesa a esses agentes,  o MNDH (Movimento Nacional de Direitos Humanos), a SMDH (Sociedade Maranhense de Direitos Humanos), a ABONG (Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais) e a Fundação We World – GVC ONLUS (WW-GVC), em parceria com a União Europeia, promovem o Projeto Sementes de Proteção. O projeto visa buscar caminhos para que a sociedade civil organizada possa proteger os defensores e defensoras de direitos humanos e, ao mesmo tempo,  incidir para que o Estado cumpra seu papel na garantia à vida e ao bem-estar dessas pessoas e  organizações. 


De acordo com Paulo César Carbonari, doutor em filosofia, membro da coordenação nacional do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH) e coordenador geral do Projeto Sementes de Proteção, a eleição de governos autoritários e conservadores, em vários lugares do mundo, inclusive no Brasil, gerou um desmonte de políticas e de garantias de direitos, configurando um ataque sistemático às pautas de direitos humanos. "As mudanças no Governo Federal no Brasil com as eleições de 2018, por exemplo, compõem um processo de fortalecimento dos setores sociais reacionários que contribuem com a fragilização do estado democrático de direito, implicando na forte redução das políticas e ações governamentais de proteção de defensores e defensoras de direitos humanos", salienta Carbonari.

Uma Psicologia para o presente e para o futuro, por Ana Bock, Marcos Ferreira e Graça Gonçalves

Prepare o seu coração para as coisas que eu vou contar. 


A América Latina, com forte protagonismo do Brasil, viveu um acontecimento único na história econômica do mundo: redução da desigualdade social sem guerra, fome ou peste. Essa anotação é do historiador Walter Scheidel em seu livro sobre a história da desigualdade social. Segundo o pesquisador, na história das humanidades somente eventos traumáticos produziram redução de desigualdade.


A exceção reconhecida a essa tendência histórica consiste nas duas primeiras décadas deste século e se localiza na nossa região do planeta. Essa é uma exceção no longo período histórico considerado: da idade da pedra até o século vinte. Exceção tênue, devido à sua curta duração.


Dá para entender o por que do mercado, os grandes capitalistas e seus sequazes (incluindo Obama)  terem considerado ser preciso interromper o processo civilizatório humanizador que estava em curso entre nós. Por que foi preciso derrubar alguém da presidência e encontrar um juiz falsificador para mandar prender quem poderia prolongar essa exceção. 

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Ousadia de buscar o que parecia impossível, por Ana Bock, Marcos Ferreira e Marcos Amaral



Sejamos realistas, exijamos o impossível! Essa frase, escrita nos muros, marcou uma época de expectativas utópicas em 68. Ela carregava ousadia! Uma ousadia que resultava da constatação da impossibilidade de manter a vida humana no processo de destruição da natureza e das relações humanas que se considerava em curso naquele momento.


De algum modo, foi esse tipo de ousadia que marcou a construção das iniciativas que marcaram a virada da Psicologia brasileira na virada do século. Iniciativas cujos objetivos foram tidos como impossíveis para muitos dos nossos interlocutores naquele momento. Porém, iniciativas que nos pareciam inescapáveis e inadiáveis, foram o motor e a base para a ousadia que as marcaram.  


Trabalhar pelo fim da desigualdade social no Brasil tinha um caráter utópico, com gosto de impossibilidade. Mas não havia alternativa, o governo federal estava entregando as riquezas nacionais, o projeto de privatização e de supremacia do mercado andava a pleno vapor, o desmonte das instituições reguladoras (inclusive das profissões) era operado a cada dia por medida provisória…

domingo, 21 de novembro de 2021

A produção de sujeitos democráticos, por Ana Bock, Marcos Ferreira e Elisa Zaneratto Rosa


É crescente na profissão a certeza de que Psicologia só rima com democracia. Quando a Democracia é agredida ou diminuída, imediatamente a Psicologia perde espaço e começa a se desfigurar.

Para nós, da Psicologia, está claro que viver em um espaço democrático é algo que produz saúde mental, fortalece o tecido social e permite que justiça e generosidade caminhem juntas.

O Caso Collini, por Wilson Ramos Filho


Esse mundo em que vivemos poderia ser melhor. Não faz sentido haver gente morrendo de fome ou de pobreza enquanto outros ostentam a opulência, a ganância e o individualismo. Em qualquer contabilidade social se percebe que há comida e bens para todos.

O problema das nossas sociedades está na sua distribuição e no acesso àquilo em que as vidas que valem a pena serem vividas se diferenciam das vidas somente sobrevividas. A miséria não é natural. Assim como a crença no sobrenatural, a pobreza é invenção humana. O fascismo também.

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Resgatar a memória da psicologia brasileira, produzindo reconhecimento, por Ana Bock, Marcos Ferreira e Marcos Amaral


Muitos brasileiros podem saber o nome de uma certa flor que desabrocha e fenece em apenas um dia nos alpes suíços, mas normalmente não conhecem o nome das plantas que nascem em suas casas. Isso é considerado por nós como uma dimensão do pensamento colonizado: valoriza o que é do outro e não atenta (ou até despreza) o que lhe é próprio.

Da mesma forma, aprendemos detalhes da história europeia e alguns de nós chegam a aprender até as danças típicas de períodos pré-históricos do continente europeu, mas sabemos pouco sobre a nossa própria história. Não cultivamos nossa história e não temos uma tradição de valorizar nossa memória. E como nos lembra Emília Viotti: um povo sem memória é um povo sem história.

Ivan Lessa piorou o diagnóstico sobre a memória dos brasileiros de modo sarcástico: de 15 em 15 anos, o Brasil esquece do aconteceu nos últimos quinze anos. Para não passar rápido por esta referência vale a pena frisar: a opinião de Lessa é de que os brasileiros simplesmente não lembram daquilo que viveram, mesmo quando se trata de eventos recentes.

Será que isso é verdade? E, se for verdade, por que esquecemos tanto e tão rápido? 

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Por que o movimento negro grita “Fora Bolsonaro Racista” neste dia da Consciência Negra? Por Convergência Negra

Imagem: Jessica Michels

O movimento negro vai as ruas no dia 20 de novembro deste ano, junto com o conjunto dos movimentos sociais do país, para se manifestar contra o racismo e também pelo “fora Bolsonaro”. Em várias cidades haverá atos de rua, passeatas, manifestações e outros eventos sob a bandeira “Fora Bolsonaro Racista”.

Esta decisão do movimento negro foi reforçada na plenária nacional da Convergência Negra (articulação que reúne a maior parte das entidades nacionais e regionais do movimento negro brasileiro) realizada no dia 23 de outubro com a participação de quase 300 representantes de organizações da luta contra o racismo e movimentos sociais, como a UNE, Ubes, CUT, MST. A Convergência Negra avalia que o governo Bolsonaro é o responsável por uma verdadeira tragédia no campo social, politico e econômico que impacta negativamente os trabalhadores e trabalhadoras, tendo como vítima principal a população negra.