A filha de Heródias, Salomé, dançou lindamente, tal qual uma Vênus Platinada, e encantou os olhos obsessivos de todos os presentes, sobretudo os do rei Herodes, bêbado e nos píncaros da lascívia debochada.
Claro que ele falou o que não devia: disse a Salomé - aquele pedaço de mau caminho - que ela poderia lhe pedir o que quisesse que ele o faria, sem questionamentos.
Salomé, então, orientada pela mãe - uma senhora bonita, de nariz adunco e olhos lânguidos -, pede algo delicadamente inusitado: a cabeça de João Batista numa bandeja.
Chocado, mas sem poder voltar atrás e retificar sua palavra, uma vez que poderia melindrar a 'opinião pública' da Galileia, Herodes ordena a decapitação.
O guarda responsável pelo procedimento foi cirúrgico: aproximou-se de João e lhe decepou o pescoço com a espada antes mesmo que o fio da lâmina lhe gelasse o Pomo de Adão.
Segurando pelos cabelos, depositou de maneira maternal a cabeça de João Batista num prato e o ofereceu à Salomé, que gentilmente o encaminhou para sua amada genitora, a própria encarnação do orgulho materno.
Essa história não é a clássica história bíblica, narrada por Marcos e Mateus. Essa é uma história que se desenrola no Brasil moderno.
O Herodes moderno é Sérgio Moro, o juiz de província que prometeu a cabeça de Lula e não pode mais voltar atrás com suas mentiras.
Heródias é a Vênus Platinada, a emissora de televisão que manda e desmanda na Galileia tropical, idílica e carnavalesca.
Salomé é Cármen Lúcia, com suas danças retóricas sensuais que satisfazem tanto a lascívia da classe média semi letrada como os favores da genitora Vênus, em forma de prêmios e minutos gloriosos em jornal nacional.
João Batista, obviamente, é Lula, que espera com relativa disciplina democrática sua sentença.
O STF, meus caros e tensionados leitores, vai entregar a cabeça de Lula numa bandeja de prata para as bestas assassinas que não têm mais como saciar sua sede de ódio. Como um Lampião moderno, ele será servido para acalmar os caprichos bestiais desta casta de mortos-vivos que se apoderou da nossa Galileia. Que não se subestime as colossais decrepitude e pusilanimidade de nosso tribunal maior. Ele fez, faz e continuará fazendo por merecer.
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