A paralisação dos caminhoneiros entra em seu quarto dia e
faz um estrago que não era esperado nem por eles, caminhoneiros. Aliás, o
gatilho desta greve não é a classe ou o sindicato: é um movimento patronal - não
são caminhões de frete, mas caminhões de transportadoras.
Até aí, tudo bem. Todos já sabemos das cartas marcadas que
grassam pelo Brasil pós golpe. Mas o Imponderável de Almeida (primo do
Sobrenatural de Almeida, afilhado do Nelson Rodrigues) resolveu aparecer na
cena política nacional de novo. E, dessa vez, ele veio com tudo (com Supremo,
com tudo).
Essa paralisação meio fake, meio pelega, é a re-edição dos
20 centavos pré Copa das Confederações: um movimento meio besta que foi
aproveitado pela imprensa golpista para exterminar a popularidade do governo
Dilma, que já vinha baixa.
A senha para aquele movimento meia-boca virar nacional foi o
espancamento de manifestantes na Avenida Paulista pela polícia militar de
Geraldo Alckmin. A partir dali, a indignação foi tanta que a classe média
sempre acovardada resolveu sair da toca e brincar de depredação de grife
(lembram dos playboys tatuados apedrejando as vidraças do Congresso Nacional?).
Semelhanças à parte, a greve dos caminhoneiros não esperava
tamanho ‘sucesso’, vamos dizer assim. O que importa aqui – o que é o similar
histórico ao ‘espancamento da PM da greve dos caminhoneiros’, estopim para
catarse popular em torno de uma causa difusa – é justamente o imponderável: a
péssima gestão de crise do governo golpista.
É muito possível dizer que Pedro Parente e Michel Temer tiveram
as suas piores perfomances políticas da história. Cometeram todos os erros
possíveis que um governo poderia cometer diante de uma greve com ares de
dramática.
Temer e Parente turbinaram a greve dos caminhoneiros e agora
terão que lidar com essa realidade. A história realmente é uma ingrata, ela
volta para buscar a forra, mais cedo ou mais tarde.
Para contribuir na incompetência gerencial, some-se Rodrigo
Maia, Eduardo Guardia (quem? Ministro da fazenda) e estafe confessional de
Temer. Imagine um Elsinho Mouco aconselhando Temer a como lidar com uma greve
de caminhoneiros. Imagine e ria por dentro, por favor.
Essas quatro personagens deram de presente ao país uma
convulsão social que dificilmente será arrefecida agora. O soco que Pedro
Parente, já demissionário a essa altura do campeonato, deu na gestão da crise
foi algo no limite do inacreditável. Manter a política de preços suicida dos
combustíveis diante de uma greve claramente complexa e de grandes dimensões foi
atitude de rara truculência.
É essa atitude que se traduz no espancamento da PM de 5 anos
atrás. Ela desencadeou um processo de revolta que só tende a crescer a partir
de agora. Esse governo estava confortável demais nas plagas do toma lá dá cá
político-partidário. Não havia ainda enfrentado uma crise com C maiúsculo, cuja
lógica não é a da chantagem, mas a do povo, repleta de zonas de irracionalidades
e emocionalidades.
O governo tucano-emedebista de Temer não sabe gerenciar essa
dimensão do humano, porque eles não lidam com o elemento ‘humano’,
propriamente: lidam com números e de maneira técnica obsoleta – a tecnocracia
folclórica do PSDB.
Só poderia dar nisso: em quatro dias, desabastecimento
nacional, disparada de preços, humores da população no limite e imprensa sem
poder prestar a ajuda de praxe – uma vez que é impossível mascarar falta de
alimentos no mercado.
É o preço de não se ter quadros gerenciais de qualidade. É o
preço de viver em uma bolha de bajuladores que abrem portas e carregam
guarda-chuvas. É o preço de achar que a imprensa domesticada vai salvar o
regime das notícias catastróficas na hora H. Não vai. A imprensa, a despeito de
proteger tucanos e emedebistas, adora uma catástrofe para vender jornal.
Decorre daí, portanto, uma nova realidade política para o combalido
país em ano eleitoral. Neste imbróglio social de proporções épicas, há um
aspecto simbólico digno de nota: Lula está preso e pouco pode fazer para
acalmar a população zangada.
A proscrição de uma personagem como Lula em um momento como
esse passa a ser não mais motivo de lamentação ou de celebração: passa a ser
motivo de desespero. Porque Lula é um dos poucos agentes com capacidade e
intuição para lidar com esse tipo de desorganização social generalizada, com
origens truncadas e zonas complexas de negociação.
Uma greve como essa em ano eleitoral é território sagrado
para o nosso amigo Imponderável de Almeida. Seu vulto circula entre os caminhões
e as soluções pífias do governo com olímpica soberania e destreza.
O Brasil é, acima de tudo, um país surpreendente.
No mesmo sentido do seu post
ResponderExcluirNão sei quem é o Diogo
Nada mudou por Diogo
Já dá para estar ao lado dos caminhoneiros e gritar "Lula Livre"? Não dá, nunca deu.
Já posso usar a camiseta do meu partido? Também não, os caminhoneiros pedem intervenção militar.
Vamos combinar que caminhoneiro não aceita ser chamado de "companheiro"?
Eles não se vêm como companheiros trabalhadores, eles se enxergam como pequeno proprietários.
Nos consideram como bandidos, porque na cabeça deles nós saqueamos a Petrobras, e os colocamos nessa situação em que se encontram.
NÓS OS COLOCAMOS NESSA SITUAÇÃO, veja que inversão.
Nós, e não eles, apoiadores do golpe.
Enfim, a verdade é que essa briga não é do povo brasileiro. Essa briga é única e exclusivamente dos caminhoneiros, que foram tragados pela política neoliberal implementada pelo golpe que eles mesmos ajudaram a deflagrar.
É uma briga em defesa do próprio bolso, e dane-se o resto.
"Ain Dio mas eles são trabalhaores também e precisam do nosso apoio..."
Precisam? Apoio? Apoio para que, para reestabelecer a democracia? Para tirar Lula da cadeia? Para fazer campanha para o Lula? Pelo fim do sucateamento da Educação?
Não, para isso eles não precisam de nosso apoio.
Eles precisam do nosso apoio apenas para tentar frear o aumento do preço do óleo diesel, é só isso que lhes interessa.
O golpe cobrou a fatura, e agora pedem que nós, bovinamente, os ajudem a devolvê- la para seu emitente.
As faixas pedindo intervenção militar, a hostilização de dirigentes das CUT, a ausência de faixas "Fora Temer" e "Lula Livre", e sobretudo a ausência da pauta mais importante de todas - ELEIÇÃO SEM LULA É FRAUDE, mostram o caráter FASCISTA dessa mobilização.
"Ain mas tem ALGUNS caminhoneiros que não pedem intervenção militar..."
ONDE ESTAVAM ESSES CAMINHONEIROS QUANDO LULA FOI PRESO?
MOSTRE PARA MIM UM CAMINHÃO COM UM ADESIVO SEQUER ONDE SE LEIA "ELEIÇÃO SEM LULA É FRAUDE", que eu mostro milhares de caminhões pilotados por saudosos da ditadura.
Não será por meia dúzia de caminhoneiros progressistas que a dinâmica da manifestação deixará de ser fascista. A maioria quer nos ver em Cuba, na Venezuela (que estão bem melhor que o Brasil hoje) ou mesmo mortos.
Romantizar a greve dos caminhoneiros não muda a duríssima realidade da conjuntura política que estamos vivendo.
É bem bacana a ideia de unidade, de juntos, todos, derrubarmos temer, parente, quem sabe até mesmo o Supremo com tudo mas todos sabemos que o estrago que a rede grobu fez na imagem da esquerda é praticamente irrecuperável a médio, quiçá a longo prazo.
Não tem como dar as mãos para os caminhoneiros e sair cantando "caminhando e cantando", seguido a canção deles que canta "viva a ditadura".
Vem, vamos embora, então, que caminhar com gente empunhando bandeira de intervenção militar não é saber.
Não dá, é hipócrita, é indigno.
Em tempo: olha a greve os Petroleiros aí gente!
E viva a Petrobras, viva a luta dos Petroleiros.
Essa luta sim, luta digna, pelo bem do Brasil, pelo bem de todos, não apenas pelo umbigo de alguns.
Bi bi! Xô, fascistas.
Quisessem o apoio do povo brasileiro cada caminhoneiro estaria com um outdoor LULA LIVRE no caminhão.