Eu tenho vergonha das "agências de checagem" brasileiras. Eles não têm metodologia, não têm rigor, não têm leitura, não têm qualidade de texto.
São na verdade, um bando de "estagiários" que tomaria bomba no primeiro ano de qualquer curso sério de graduação no país (com todo respeito aos estagiários).
É chocante.
A boatos.org, por exemplo, "pôs fim" à "polêmica" sobre o fato de a palavra "tubaína" ser ou não ser gíria da ditadura militar sobre tortura por afogamento.
Disseram taxativamente: é fake news que 'tubaína' seja gíria atribuída à tortura no período da ditadura no Brasil.
Como eles constataram isso?
Eles consultaram o volume produzido pela Comissão da Verdade e mais relatos historiográficos sobre a ditadura "e não acharam nada a respeito".
Em 24 horas.
E fim.
Ou seja: se eles não encontraram nenhum documento que comprove o uso da gíria, ela nunca existiu.
Esse é o nível das nossas agências de checagem.
O que um pesquisador sério diria sobre o tema?
Diria que é cedo demais para dizer se 'tubaína' foi-é gíria para tortura. É preciso pesquisar mais (muito mais).
É preciso entrevistar torturados, buscar arquivos do período, dentro e fora do Brasil, enfim, fazer um rastreamento sério e devidamente embasado por alguma metodologia científica (com controles, filtros e apreciação crítica).
A tarefa, sobretudo, é encontrar pessoas que possam testemunhar sobre o assunto e buscar posteriormente a materialidade do relatos.
Essas agências de checagem são mini indústrias de confirmação de fake news, ao contrário do que parecem.
A Lupa também é muito fraca (financiada por empresários, o que esperar?).
Reparem como nenhuma dessas agências jamais denuncia uma notícia fraudulenta dos grandes veículos de comunicação.
Elas foram criadas para desacreditar as redes sociais e as mídias alternativas - e, portanto, uma outra dicção na arte de produzir informação, muito mais consequente que essa obsolescência técnica do jornalismo de cativeiro.
O leitor não pode ser tutelado mais desse jeito, por essas pessoas incapacitadas para a pesquisa e para o mundo da produção real de sentido e informação. É uma imensa e abominável vergonha.
Fica o meu protesto - que já não é de hoje.
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