"Enquanto a sociedade brasileira não fizer as "pazes" com o PT, o partido político mais humanizado da nossa história, prosseguiremos mergulhando no caos, na morte, no atraso, na covardia e na paralisia"
O que está impedindo a sociedade brasileira de dar um basta nesta situação catastrófica?
A recusa desta mesma sociedade em pedir desculpas a Lula, a Dilma e ao PT.
Enquanto o país (imprensa, empresários, classe média, setores sectários) não se desculpar pela violência que cometeu contra o PT, continuaremos sendo castigados.
É só pedir desculpas. Não dói.
E por que isso resolveria?
Porque o trauma é muito grande. Ele nos paralisa. A violência cometida contra a democracia não é uma coisa simples e boba, passageira, é algo que marca com a profundidade de uma geração a todos nós, tragicamente marcados por uma onda de ódio, de imposturas, de linchamento e de desprezo mútuo pela vida humana.
Bolsonaro é fruto direto do antipetismo. O que o estrutura enquanto agente da morte é o ódio ao PT, a Lula e a Dilma.
Traduzindo: precisamos combater o antipetismo para virar essa página e superar esse momento.
Na semântica ainda interditada por agentes do terror infiltrados no Ministério Público, no Poder Judiciário, na imprensa e nos aparelhos religiosos pulverizados pelos interiores do país - essa pústula de fanatismo e histeria -, antipetismo é sinônimo de anti-democracia, anti-Brasil e anti-povo.
Nossa ferida é essa. Não há plano B ou C.
Enquanto a sociedade brasileira não fizer as "pazes" com o PT, o partido político mais humanizado da nossa história, prosseguiremos mergulhando no caos, na morte, no atraso, na covardia e na paralisia.
Seria precisa uma liderança para isso, óbvio.
Esses setores heterogêneos jamais irão se articular sozinhos e desagregados. Não há possibilidade de combustão espontânea à saturação genocida do nazismo bolsonarista.
O nazismo esmaga, mata, cancela e se renova com a bestialidade e o oportunismo estruturais encravados na terra moral arrasada que é o caráter dos 20% apodrecidos da população brasileira.
Isso não terá fim, se não dermos um fim.
O processo portanto é construir esse pedido de desculpas gigantesco e necessário de "fora do PT" para que possamos receber democraticamente esse partido que nos legou a nossa maior porção de humanidade e de estrutura social politicamente organizada.
Não esqueçamos: o coronavírus ainda não dizimou mais a população brasileira, porque o SUS está segurando maiores explosões de mortes. E o SUS é herança direta da governança responsável, humanizada e democrática do PT - ainda que tenha sido obra da Constituição de 88.
Lula e Dilma construíram 68 mil leitos de hospital nos 13 anos em que governaram o país. São esses 68 mil leitos que operam o milagre de não transformar o Brasil - ainda - em uma carnificina chocante e generalizada.
Essa mesma herança virtuosa de governos democráticos do PT vale para a economia e para o combalido cinturão de proteção social.
Em suma, o Brasil é "governado" pela "gordura logística" deixada por Lula e Dilma. E só. O resto é destruição em massa.
Por isso, reitero: se não os organizarmos para pedir essa desculpa histórica ao PT, seguiremos em nosso protocolo suicida.
Esse momento vai chegando, ainda que hajam muitas resistências a ele. O PT já dá saudade em muita gente 'improvável'. Mas é preciso massificar esse movimento.
A sociedade brasileira deve isso a Lula, a Dilma e ao PT. É um gesto de gratidão, de humildade e de sobrevivência.
As desculpas que Lula pediu por sua 'frase infeliz' talvez tenham sido uma sinalização da história nesse sentido. Lula disse: 'desculpas foram feitas para serem pedidas'.
Tenhamos a decência e a grandeza de pedir desculpas a esse partido tão massacrado por nosso jornalismo de cativeiro durante tanto tempo.
O PT é um dos agentes mais importantes da consolidação da extinta democracia brasileira pós ditadura. Este partido nos deu uma aula de democracia, reconhecendo derrotas e não mergulhando em aventuras golpistas.
O PT foi um choque para a nossa elite e nossa cultura política da avacalhação e do golpe. Ele mostrou que era possível ter um país sem essa engrenagem da escravização e do seviciamento institucionalizado.
A recusa em não reconhecer isso é que nos prende ao passado e a Bolsonaro e suas práticas genocidas.
Sejamos humildes para reconhecer isso. Em breve, chegaremos a 30 mil mortes por coronavírus no bojo da política de extermínio premonitória de um certo agente da ditadura - herança podre do passado - disfarçado de deputado e, agora, travestido de presidente.
Superar Bolsonaro é superar o antipetismo estrutural que ainda nos esmaga (e desculpas foram feitas para serem pedidas).
EXCELENTE.
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