Imagem: Jessica Michels |
O movimento negro vai as ruas no dia 20 de novembro deste ano, junto com o conjunto dos movimentos sociais do país, para se manifestar contra o racismo e também pelo “fora Bolsonaro”. Em várias cidades haverá atos de rua, passeatas, manifestações e outros eventos sob a bandeira “Fora Bolsonaro Racista”.
Esta decisão do movimento negro foi reforçada na plenária nacional da Convergência Negra (articulação que reúne a maior parte das entidades nacionais e regionais do movimento negro brasileiro) realizada no dia 23 de outubro com a participação de quase 300 representantes de organizações da luta contra o racismo e movimentos sociais, como a UNE, Ubes, CUT, MST. A Convergência Negra avalia que o governo Bolsonaro é o responsável por uma verdadeira tragédia no campo social, politico e econômico que impacta negativamente os trabalhadores e trabalhadoras, tendo como vítima principal a população negra.
A vitória das forças de extrema-direita lideradas por Bolsonaro nas eleições de 2018 que precedeu o golpe de 2016 foi uma ação reativa de caráter fascista a, entre outras coisas, o avanço na conquista de direitos da população. Durante o ciclo de governos progressistas, várias politicas importantes para negras e negros brasileiros foram implantadas: cotas raciais no ensino superior e nos concursos públicos, as Leis 10639/03 e 11645/08 que implanta a educação para as relações étnicorraciais no sistema de ensino, o Estatuto da Igualdade Racial, Brasil Quilombola, além das políticas públicas sociais de melhoria do salário mínimo, transferência de renda, entre outros que beneficiam os que estão na base da pirâmide social.
Falas do ministro da Economia, Paulo Guedes, que estranhou o filho do porteiro cursar universidade e do ministro da Educação de que “universidade é só para quem tem dinheiro”; a política economia que fez estourar os preços da cesta básica e dos derivados de petróleo (entre eles o gás de cozinha) e todo o desmonte do Estado brasileiro são indicadores do conteúdo do governo Bolsonaro. Não são apenas os arroubos racistas, machistas e LGBTfóbicos proferidos pelos integrantes deste governo mas as suas práticas que demonstram o sentido radicalmente racista que coloca a vida de negras e negros em risco. A precarização do trabalho e o desemprego, por exemplo, jogaram a esmagadora maioria de negras e negros em uma situação extremamente fragilizada. Sobrevivendo de bicos e trabalhos precários, negras e negros, por exemplo, arriscaram e arriscam suas vidas, obrigados a sair as ruas no auge da pandemia do Covid-19 para poder garantir o seu sustento.
Completando este cenário, o discurso armamentista do governo ajudou a intensificar a violência policial nas periferias. O extermínio de jovens negras e negros nos bairros periféricos aumentou com a complacência deste governo.
Assim, a compreensão é que a luta contra o racismo passa pela derrota do fascismo representado pelo governo Bolsonaro. Por isto, o dia da Consciência Negra deste ano tem a palavra de ordem “Fora Bolsonaro Racista” e a perspectiva de que a agenda antirracista tenha lugar central na campanha contra o governo Bolsonaro.
Convergência Negra
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