terça-feira, 12 de dezembro de 2017

A falácia econômica do século

"É preciso criar riqueza e não distribuir". Se esse pessoal da direita soubesse, pelo menos, "criar" alguma riqueza, eu já me daria por satisfeito. Eles só dão prejuízo ao estado, com suas falências, dívidas e represamentos (eles escondem o dinheiro, não o fazem circular). 

É a falácia do milênio. Querem acumular e só. O que eles sabem produzir - com essa lógica de psicopata - é pobreza. Nisso, eles são bons. É só lembrar da crise global do subprime em 2008.
  
Só para atenuar o prejuízo desses "empreendedores", o Estado teve que desembolsar 2 trilhões de dólares (via "sistemas financeiros", nome palatável para "dinheiro do povo") - o que, é claro, não foi suficiente. 

Lula já tinha subvertido essa lógica no decênio 2003-2013. Distribuindo de maneira justa uma ínfima parte da arrecadação do Estado (que é de todos e não de meia dúzia) - o bolsa família - ele fez a economia girar com inédita eficácia. 

O dinheiro circulou. Isso é básico até para os cursos mais conservadores de economia: o que importa é o movimento. Se aquele assessor do Clinton ganhou notoriedade com sua frase "é a economia, estúpido!", eu acrescento mais uma, complementar: "é o movimento, idiota!". Sem movimento, o capital não GIRA - sic-, nem tampouco produz qualquer espécie de riqueza. 

Eu já havia dito tempos atrás que se o glorioso Karl Marx levantasse da tumba e se deparasse com Lula, um metalúrgico sem estudo formal, sindicalista, criador de um partido singular com influências de tendências progressistas da igreja católica, do pensamento progressista e, acima de tudo, de uma visão pragmática e eficiente - cuidado porque são elogos - de negociação acrescida de pouquíssima veleidade "socialista" na acepção teórica-romântica do termo, ele, Karl Marx, sofreria uma síncope. Mandaria recolher "O Capital" e reformularia, humildemente, seu pensamento. 

Porque Lula mostrou que não é preciso ser comunista nem socialista para distribuir riqueza. Ele demonstrou na prática, com toda a sabotagem que lhe foi imposta, que a distribuição produz muito mais riqueza que o puro e simples represamento de valores para investimentos "estratégicos". Lula é um case internacional histórico e todo economista sério sabe disso. 

Daí que quando eu vejo criaturas enchendo a boca para dizer que "distribuir riqueza" não adianta nada, que o melhor é "produzir riqueza", sou tomado mais uma vez por um sentimento profundo de comiseração. É um tipo de lógica absolutamente proscrita de qualquer debate sério, técnico, fundamentado sobre economia e sociedade. 

Esses sabidões são uma espécie de corolário da produção de conhecimento: a civilização produz hipóteses, tecnologias e interpretações e deixa um rastro de enunciados incompletos que se alastram pela avenida dos lugares comuns. Tem gente que gosta de desfilar nessa avenida. Por pura folia, catarse e falta de assunto.

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